quarta-feira, 6 de março de 2013

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

NOTÍCIAS ABRADIC/NJR




NOTíCIAS - Nº 132 - Julho/Agosto de 2012

Nesta edição:

Divulgação Científica no Séc. XXI:
Poeta do Orkut - Marcelo Roque - "PÉROLAS"

64ª SBPC; A ABRADIC/NJR LEMBRA A HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL
Glória Kreinz

TRECHO DE CARTOGRAFIA: Entre a Ciência e Poesia
Carlos Vogt

FCF pesquisa fármacos contra doenças “de pouco interesse comercial”
Danilo Bueno

O uso da imagem na divulgação científica: Os Cientistas
João Garcia

Divulgação Científica a repetição que muda
Osmir Nunes
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Século XXI
POETA DO ORKUT: "PÉROLAS"
Marcelo Roque

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Pérolas

Qual ostra, tuas feridas,
envolve o verso,
com tal zelo, a dor,
a espera
e a saudade

*A pérola nasce de uma irritação na ostra causada por um corpo estranho, como um grão de areia, que entra na concha. De tanto incomodar e machucar, o intruso é posto num canto de uma bolsa de carne. A partir daí, a ostra vai envolvendo o corpo com o nácar e depois de três anos, surge a pérola. Como diz um ditado budista, "Ela é a transformação do sofrimento em jóia"

Marcelo Roque





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64ª SBPC; A ABRADIC/NJR LEMBRA A HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL

Glória Kreinz

Este número da ABRADIC fala da última reunião da SBPC, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada entre os dias 22 a 27 de julho no Maranhão, neste ano, na Universidade Federal do Maranhão. Estes encontros são anuais.

José Reis foi um dos criadores da entidade, e Crodowaldo Pavan foi um dos que muito se destacou em sua continuação. O professor Aziz Ab'Saber, falecido este ano, sempre esteve presente nos encontros da SBPC e as salas onde dava suas palestras tinha até participantes sentados no chão.
Os pequisadores brasileiros e estrangeiros continuam comparecendo a este encontro, lugar de congregação entre todos aqueles que procuram divulgar seus trabalhos, e discutir novos caminhos para a Ciência Brasileira.

Nossos livros estavam lá presentes, e cumprimentamos os participantes da mesa de abertura, quando foi entregue o Prêmio José Reis de Divulgaçação Científica, do CNPq. A ABRADIC participa da comissão julgadora.
A entidde criada por José Reis continua a ser o centro de discussões da divulgação científica brasileira. Neste sentido a ABRADIC/NJR presta homenagem ao seu patrono José Reis e lembra os divulgadores brasileiros que fizeram sua história como Crodowaldo Pavan.

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TRECHO DE CARTOGRAFIA: Entre a Ciência e Poesia

Carlos Vogt

Nesses casos, a função principal da linguagem humana é a de representação do pensamento, que tem, por sua vez, a estrutura lógica de uma segunda linguagem, ela própria construída sobre o modelo de organização e funcionamento das línguas naturais. Quer dizer, no limite, que a linguagem, se é representação do pensamento, e se o pensamento tem a estrutura lógica da linguagem, então a linguagem representa a própria linguagem, abrindo uma vertigem de imagens, em espelho, em que o signo é representação de representação de representação e, assim, infinitamente.

Dessa tautologia a ciência precisa fugir e, pela criação do modelo teórico da simulação do fenômeno, projetar no objeto discreto, assim criado, as propriedades e leis capazes de explicar, e mesmo predizer, o fenômeno estudado.

Se o modelo teórico quiser reproduzir, em extensão, o fenômeno na sua ocorrência, o fracasso do propósito será inevitável, como ocorre com o Mapa do Império, que se faz ruína.

O conhecimento científico e o conhecimento poético, distintos nos métodos - um digital, outro analógico; um demonstrativo, outro associativo; um abstraindo conceitos e conceituando abstrações, outro tornando-os sensíveis em imagens concretas de aproximações - têm, contudo, em comum a formulação do mundo em formas de representação, seja por linguagens sensíveis, seja por imagens em demonstração.

Num caso e noutro, a representação tem de estar próxima e distante do fenômeno de modo que o mapa permita ver e prever a geografia sem que a geografia se confunda no mapa que a permitia.

A Cartografia tem muito desse ensinamento de tensão e equilíbrio entre a ciência e a poesia.
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FCF pesquisa fármacos contra doenças “de pouco interesse comercial”

Danilo Bueno


A publicidade diária, dentro e fora das drogarias, nos lembra que o mercado está inundado de medicamentos contra gripe, dor de cabeça, azia e outros males mais comuns. No entanto, o dinamismo do mercado farmacêutico e o ritmo da pesquisa estão longe de ser os mesmos para todas as classes de medicamentos. Isso porque o interesse da pesquisa privada está intimamente relacionado ao poder de compra dos consumidores.

Assim, doenças como malária, tuberculose, esquistossomose (“barriga-d’água”), leishmaniose e hanseníase (“lepra”), entre outras, que atingem milhões de pessoas nos países subdesenvolvidos, acabam ficando em segundo plano em termos de estudos. Como explica a professora Elizabeth Igne Ferreira, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP,

“Por ocorrerem geralmente nas populações mais pobres e, em geral, não despertarem o interesse para a produção de medicamentos, estas doenças são conhecidas como ‘negligenciadas’ ”.

É o caso da doença de Chagas, que atinge cerca de 10 milhões de pessoas, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), principalmente na América Latina e Caribe. Apesar de sua descoberta ter completado 100 anos em 2009, a doença é ainda considerada sem cura. Os tratamentos existentes têm bons resultados quando aplicados no início da doença, mas são pouco eficazes na fase crônica.

Leia mais: http://www5.usp.br/13676/fcf-pesquisa-farmacos-contra-doencas-de-pouco-interesse-comercial/
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Divulgação Científica a repetição que muda

Osmir Nunes


Nestas noites frias e mais longas aqui em São Paulo paramos quase instintivamente para observar o céu, apesar do meu cão, um poodle, nem se importar com o fato;seus parentes lobos uivam para lua cheia. De fato essa bola brilhando soberana nas noites desperta nossos instintos. Durante boa parte das noites, em noite limpa, ou até entre nuvens, dependendo do horário, temos um tipo de lua com sua beleza dominante. Não tem como deixar de ser um voyeur da lua.
José Reis certamente devia observar muito a lua. Antes de tudo, o grande divulgador da ciência era um poeta com temas dominantes sobre a noite, era um boêmio frustrado. Tal qual a repetição da lua circulando em torno da Terra e repetindo uma trajetória que nunca deixou de ser a mesma, mas que provoca sensações diferentes em cada lunação, José Reis imaginou um evento onde poderia ser observada a renovação da ciência. Esse foi o caráter das reuniões anuais da SBPC desde a sua criação.

Trouxe o conceito de fora do país como ele pode documentar no nº2 da Revista Ciência e Cultura, publicado em 1949 , na página 152. Não criava nada de novo, apenas aplicou o mesmo conceito que dava certo desde os meados do século XIX, 1848, quando foi fundada 100 anos antes a americana AAAS Associação Americana para o Avanço da Ciência e a britânica BAAS – Associação Britânica para o Progresso da Ciência, em 1831.
Por que era importante criar a SBPC no Brasil? Um dos aspectos mais importante fica explicitado por José Reis no texto de Ciência e Cultura retirado dos conceitos da BAAS: “Os homens de ciência sentiram a necessidade de sair dos laboratórios e seminários para acercarem-se do público. A Associação Britânica para o Progresso da Ciência iniciou assim as suas excursões anuais pelos centros populosos da Grã-Bretanha e, ocasionalmente pelas cidades dos domínios.
“Todo amador, naturalista, geólogo, matemático, antropólogo, químico ou interessado em qualquer aspecto da ciência poderá ouvir, na BAAS, líderes da ciência britânica, exporem os progressos na especialidade e, além disso terá ocasião de intervir nas discussões, sem sentir qualquer menosprezo pela livre manifestação das suas idéias".

José Reis segue no texto explicando que os princípios da BAAS eram norteados pelo princípio da liberdade e da participação aberta até para o simples operário ou técnico, pois para participar bastava trazer alguma nova idéia de progresso da ciência.Divulgação científica é isso. Isso mesmo, uma idéia tão simples e livre como ficar observando a lua.

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O USO DA IMAGEM NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

OS CIENTISTAS - João Garcia
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Edição Final: Everton Magalhães e Raquel Nunes
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Científica, apoiado pelo CNPq, de autoria da Profª Dra. Glória Kreinz e Crodowaldo Pavan.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

MARCELO ROQUE - POESIAS ATUAIS



A Sustentável Leveza do Ser

Indiferente a gravidade
que tudo condena
a dureza do chão,
tens, o teu riso,
o peso do voo de uma borboleta

Marcelo Roque




Labirinto

Vou cercar-te de poemas
de alturas intransponíveis
Assentando palavra por palavra
entrecortadas por reticências
E assim tornar-te eterna andarilha
no labirinto dos meus versos

Marcelo Roque





Demoras

Não me afliges tanto assim
toda esta distância
e este encontro que nunca tem hora
Pois bem sei que melhor que um beijo demorado
apenas aquele dado
após uma longa demora

Marcelo Roque

quinta-feira, 8 de março de 2012

ABRADIC NOTÍCIAS - Nº 128 - fevereiro de 2012



Nesta edição:

Divulgação Científica no Séc. XXI:
Poeta do Orkut - Marcelo Roque - "ESPELHO"

PODER, POLÊMICA E POESIA NO ACERVO JOSÉ REIS/ABRADIC/NJR
Glória Kreinz

Paisagem doméstica
Carlos Vogt

Teoria da Conspiração
Marcelo Roque

O uso da imagem na divulgação científica: Os Cientistas
João Garcia

Jornalismo Científico e Divulgação Científica
Osmir Nunes
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Século XXI
POETA DO ORKUT: "ESPELHO"
Marcelo Roque

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Espelho

Não apenas a burca aprisiona
mas também o salto alto,
a maquiagem,
a escova marroquina, a chapinha,
a dieta do chá, da Lua,
a lipo, o silicone,
a manequim, a vitrine,
a passarela,
o light, o diet,
a Barbie, a Marilyn,
o espelho,
o sexy appeal ... por fim,
a própria "liberdade"

Marcelo Roque



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SOLIDARIEDADE AO ARTIGO DE ALFREDO BOSI NO BLOG
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---------------PODER, POLÊMICA E POESIA NO ACERVO JOSÉ REIS/ABRADIC
Glória Kreinz

Lançamos, eu e o poeta Marcelo Roque, no final de 2011, o livro "Poder, Polêmica e Poesia", em homenagem a Crodowaldo Pavan, fundador da ABRADIC. O livro é o quarto volume da coleção Temas da Ciência Contemporânea.

Depois de vários anos pesquisando qual a melhor forma de enfrentar os desafios da comunicação nos dias atuais, achamos que uma boa opção seria discutir elementos ligados ao Poder, à Polêmica e à Poesia. Jacques Derrida nos auxilia nisso.

Indagamos o poder em um ano próprio, quando o mundo passou a discuti-lo, em forma de ação, com o movimento Ocupy Wall Street, que teve ressonâncias mundiais.2011 foi um ano de indagações.

Com tantas transformações em nosso cotidiano, tantos apelos das inovações tecnológicas, vivemos cercados por um momento de instabilidade e contradições. “Mas sem essa tensão ou sem essa contradição aparente, faz-se alguma coisa alguma vez? Muda-se alguma coisa alguma vez?” (Derrida, 1991,208).

O que nos interessa é a mudança, não uma fala imposta, isto seria autoritarismo, mas a indagação de fatos para esclarecermos nossas dúvidas. Falas autoritárias, com um único enfoque, merecem ser descontruídas, pelo seu próprio caráter. Em seu lugar propõe-se o diálogo com o Outro.

Procurar sempre é a única forma de se opor ao poder de uma comunicação impositiva. Indagar é a postura prioritária. O logos, palavra grega que significa palavra, razão, Deus, verdade, é o centro das indagações.
As noções de autoridade e razão absolutas, típicas do pensamento positivista, foram questionadas na cultura ocidental.

Se o Holocausto não colocou o logocentrismo em xeque, a morte recente de Steve Jobs, um dos nomes marcantes da revolução tecnológica do século 21, com todos os avanços da ciência e tecnologia ao seu dispor, nos obrigou a pensar a relatividade do conhecimento científico, diante da vida.

Foi uma morte anunciada, e nada pudemos contra ela. Mais uma vez o poder do próprio conhecimento foi questionado. E questionamos tudo que podemos, até os Hitlers da nova era, com suas metralhadoras no ciberespaço, disfarçados de inocentes mauricinhos. Mas José Reis e Crodowaldo Pavan já tinham textos sobre isso.Por isso o ACERVO ABRADIC/NJR é tão importante.
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Paisagem doméstica

Carlos Vogt

Etiqueta

A sociedade distribui papéis
os homens também à sociedade
ciosa a natureza
(muda às vezes outras não)
sufoca primaveras
em cios secos de verão
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Teoria da Conspiração

Marcelo Roque

Quando o site Wikileakes lança na web informações tidas como sigilosas, cria-se um certo alvoroço, como se segredos bombásticos estivessem próximos de serem revelados

Mas até o presente momento, o que de tão importante foi revelado, a não ser fofoquinhas entre diplomatas, e outras coisas que, informalmente, já estávamos cansados da saber ?
E mais, sabedores que somos, que a grande imprensa mundial, aliada dos donos do poder, sempre lança uma cortina de fumaça quando vem à público, fatos ou pessoas que possam, de fato, prejudicar o interesse dos poderosos, por que esta mesma imprensa cede tanto espaço a um site que, supostamente, é um perigo para o sistema ?

Não estou aqui afirmando que o Wikileakes é uma farsa montada pelos poderosos como uma forma de, futuramente, terem um pretexto para apertarem o cerco à internet, alegando que determinadas informações divulgadas por certos sites, poderiam colocar em risco a segurança nacional Mas é no mínimo estranha a popularidade conquistada por Julian Assange, fundador do site( popularidade dada em parte, pela grande mídia), quando muitos outros que se levantam contra este mesmo sistema são sumariamente condenados a obscuridade ... Vale pensar ...

http://pensarepossivel.blogspot.com/
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Jornalismo Científico e Divulgação Científica

Osmir Nunes

Uma questão sempre é colocada à ABRADIC: qual é a diferença entre jornalismo científico e divulgação científica?
Ressaltamos que não temos interesse em formular definição sobre esses dois termos. De maneira superficial pode-se dizer que são dois tipos de atividades. Uma complementar à outra. Um divulgador científico pode ser um jornalista científico e vice versa. José Reis em alguns momentos de sua vida teve a oportunidade de estar nos dois campos de atividade, sobretudo quando dirigiu a Folha de S.Paulo, entre 1962 a 1967.
Podemos dizer que o termo divulgação científica, no seu sentido amplo, tem o caráter de popularizar o conhecimento científico. Por sinal há um texto teórico sobre esse assunto, escrito por Glória Kreinz, publicado no 3º volume da Coleção Divulgação Científica.
Quanto ao jornalismo científico é o texto produzido para dar uma notícia inédita sobre as últimas novidades das descobertas ou inovações na ciência e na tecnologia. É uma especialidade do jornalismo. O noticiário com jornalismo científico está presente em todos os meios de comunicação, comumente vem no formato de notícia ou de reportagem mais extensa. Hoje em dia a maioria dos órgãos de comunicação tem uma área apropriada para falar de ciência, tecnologia e inovação, por esse motivo o texto jornalístico pode aparecer nas revistas, nos jornais, nos sites, na rádio, na TV e até nas redes sociais.
O profissional que se dedica a esse setor do jornalismo, o jornalista científico, nessas últimas décadas, muitos deles, tomou a iniciativa em desenvolver algum projeto de formação universitária que vai além do curso de comunicação. Pelo menos um curso de especialização faz parte do rol desse investimento. Uma quantidade significativa de jornalistas que ocupam as mais importantes editorias de jornalismo científico do país completou o doutorado em alguma área do conhecimento, com ênfase em disciplinas distantes da comunicação, tais como história da ciência, filosofia da ciência, biologia, etc.
Como exemplo de jornalistas científicos vamos encontrar Marcelo Leite, Mariluce Moura, Cláudio Angelo, hoje com cursos no exterior e doutorados longe da área de jornalismo.
A divulgação científica congrega interessados em promover a ciência como forma de educação e integração social com o conhecimento. Originam-se das mais diversas áreas de formação e conhecimento, inclusive do jornalismo. Tanto é que podemos considerar muitos dos jornalistas científicos também divulgadores científicos. O divulgador científico se envolve nas atividades mais por opção. Em muito dos casos, lembram uma ação de militância pela causa da divulgação científica.
O divulgador científico não é um profissional específico, como é o jornalista científico, provém de todas e qualquer área do conhecimento. É o indivíduo que tem um objetivo: promover o conhecimento, usando a comunicação como ferramenta, para promover a educação e o desenvolvimento da sociedade por meio da ciência.
O divulgador científico também tem produção. Além de ser um agente social que promove a ciência eles produzem livros, programas de TV, rádio, internet, vídeo, eventos, encontros, entre algumas das manifestações mais comuns. Há alguns que vão além, usam a arte para divulgar ciência, fazem teatro, cinema, ficção e poesia.
O divulgador científico, em muito dos casos, é mais personalista, traz uma grife, sobretudo quando direciona suas atividades criando características marcantes. Por exemplo os diretores de museus de ciência, aliás, uma área de grande atividade de divulgação científica, exercem suas atividades com um estilo próprio. Em São Paulo a recém-história da Estação Ciência ficou claro esse tipo de envolvimento. Na gestação da fundação da Estação Ciência nos anos de 1980, Crodowaldo Pavan e José Reis discutiram muito o caráter e o formato que um centro de ciência para jovens deveria possuir. Nos anos 1990 Ernst Hamburger, físico de tradição, nos anos em que dirigiu o museu, também imprimiu seu caráter, que apesar de diferente manteve a divulgação científica como objetivo maior.
Divulgação científica e jornalismo científico é um encontro que contribui de forma importante para que a sociedade acompanhe, critique e ajude a dar os rumos para a discussão da ciência.

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O USO DA IMAGEM NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

OS CIENTISTAS - João Garcia



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Comissão Editorial: Mauro Celso Destácio, Marcelo Afonso, Renato Pignatari e Yuri Gonzaga
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Nadia Gal Stabile ( Blog Sarau Para Todos)
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Layout original: Marcelo Afonso

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sábado, 4 de fevereiro de 2012

MÚSICA TECNO INSPIRA FILÓSOFOS -GLÓRIA KREINZ






"Tonal, modal, atonal não significam mais quase nada.
Não existe senão a música para ser arte como cosmos
e traçar as linhas virtuais da variação infinita."

DELEUZE, e GUATTARI, 1980


INTRODUÇÃO

Como as novas tecnologias, realização das tecnotopias, afetam o cotidiano da sociedade a ponto de ser objeto da divulgação científica? Uma das personalidades que tentaram pensar o devir do homem no século XXI e o efeito social das novas tecnologias em diversos setores sociais, o filósofo Gilles Deleuze, sempre se interessou por manifestações culturais, destacando a relação arte/filosofia como uma das formas de pensar fluxos intercambiáveis.

Entre as manifestações artísticas deu especial atenção à música em todas suas formas de manifestações, e mostrou a presença das novas tecnologias afetando o universo musical, ao afirmar de forma provocativa que o sintetizador eletrônico substitui o "juízo sintético a priori", o que atesta territorialmente, no fluxo musical, o impacto das novas tecnologias.

No início dos anos 90 os filósofos G. Deleuze e J.P. Manganaro escreveram um artigo com o título de "Nietzsche à la Techno", e colocaram como subtítulo, Manifesto Para as Máquinas Pensantes que Vierem, no sentido perverso de instigar indagações, e propor novas reflexões entre música, conquistas tecnológicas e filosofia.

Deleuze começa o manifesto comentando a obra de Nietzsche, e diz. "No seu Zaratustra Nietzsche coloca a relação de um 'Tempo supremo' e um 'Duplo silêncio'". Comenta ainda que "pode existir uma equivalência ontológica entre o eterno retorno e a Vontade de potência. Se todo devir é literalmente criação, e criação artística, nós nos propomos a examinar as relações de Niesztche com a música dita "Tecno" atual e mais precisamente como Nietzsche faz uma espécie de apologia da inteligência Tecno."

Como se observa, para Deleuze e Manganaro que escreveram o texto, a obra de Nietzsche antecipa o uso da alternância tempo/silêncio/repetição que são os elementos básicos da organização da música tecno, que ao explorar estes elementos consegue levar o público das discotecas da moda a estados onde a noção de tempo mensurável cede espaço para um "tempo supremo" ou transcendente.

Afirmam ainda que "a repetição alternada com o silêncio consegue ser uma transvalorização e um salto para uma dimensão superior e desconhecida, transcendente a toda repetição idêntica."

O silêncio é o elemento responsável pelos cortes sintáticos que trazem uma nova proposta musical, na linha dos acontecimentos de superfície, mas para que estes elementos sejam melhor compreendidos têm que ser retomados a partir de elementos da teoria da comunicação e o faremos na segunda parte desta exposição. Nesta primeira parte destacamos no Manifesto da Música Tecno elementos que enaltecem o pensamento de Nietzsche como um pensador que ofereceu elementos pertinentes para se entender esta proposta artístico/musical.

Deleuze e Manganaro enfatizam que "neste sentido duplo, o silêncio é fratura real: solidificação (polo negativo), mas igualmente distribuição nova possível das multiplicidades sonoras (polo positivo). Aqui se reencontra a dupla afirmação de Nietzsche (duplo silêncio) e aquela de Holderlin ( o Tempo que separa e que une)."

Concluem o manifesto dizendo: " tempo de conclusão: se o silêncio é auto-afirmação do tempo como Instante (presente vivo) e simultaneidade, imensidade e eternidade, ele é também avaliador e criador. Por sua vez simultaneidade e expressão maior do Eterno retorno, ele se alia ao silêncio duplo na dança mágica da criação dos mundos: os mundos do real e os mundos sonoros"

Para que se compreenda melhor este manifesto dos anos 90 é necessário se retomar o pensamento de Deleuze e Guattari na série Mil Platôs, quando os autores já discutem o peso das forças não sonoras propondo uma nova sonoridade. É o que tentaremos discutir nesta segunda parte desta apresentação.


MIL PLATÔS E AS FORÇAS NÃO SONORAS

Sobre a música atual Deleuze já havia proposto o problema na polêmica série Mil Platôs, mencionando "forças não sonoras" atuando como corpos sem órgãos, que determinavam novos fluxos musicais. Dizia:

"Assim, não se pode mais falar de uma forma sonora que viria organizar uma matéria; nem mesmo se pode mais falar de um desenvolvimento contínuo da forma. Trata-se, antes, de um material deveras complexo e bastante elaborado, que tornará audíveis forças não-sonoras".( Deleuze-1980)

Continua nesta linha de pensamento discutindo a mudança das funções dos componentes musicais, propondo:
"O par matéria-forma é substituído pelo acoplamento material-forças. O sintetizador tomou o lugar do antigo "juízo sintético a priori", mas com isso todas as funções mudam. Colocando em variação contínua todos os componentes, a música se torna, ela mesma, um sistema sobrelinear, um rizoma em vez de uma árvore, e fica a serviço de um continuum cósmico, virtual, do qual até mesmo os buracos, os silêncios, as rupturas, os cortes fazem parte." (Deleuze, 1980)

O rizoma em oposição à arvore diz respeito a teoria da chamada gramática gerativa transformacional de Noam Chomsky que se constituí dos seguintes elementos: na gramática gerativa a parte central é o seu componente sintático. Este gera cadeias abstratas, interpretadas por um lado foneticamente ou pelo componente fonológico, e por outro semanticamente ou pelo componente semântico. É o componente sintático o único que tem função gerativa. O fonológico e o semântico têm funções interpretativas.

O componente sintático é constituído de duas partes: a) o subcomponente de base que gera as estruturas profundas ou subjacentes, das orações ; sobre elas aplica-se a interpretação semântica. E b) o subcomponente transformacional que, partindo das estruturas profundas, gera as estruturas de superfície, as quais recebem interpretação fonética, ou seja, estudos dos sons. "Nesta concepção bipartida do componente sintático está mais uma diferença fundamental entre a lingüística descritiva do começo do século e a teoria transformacional. Para aqueles não havia diferença entre estrutura superficial e estrutura profunda." (M. Lemle)

É importante conhecer este aspecto da teoria gerativa de Chomski, pois várias vezes Deleuze vai retomá-la, sobretudo no que diz respeito à estrutura superficial em relação com a estrutura de profundidade , ou árvore, ao que o filósofo vai opor a figura do rizoma, como no texto citado anteriormente onde comenta que a música tecno, "colocando em variação contínua todos os componentes, se torna, ela mesma, um sistema sobrelinear, um rizoma em vez de uma árvore". Chama atenção neste texto o sistema sobrelinear, ou acontecimento de superfície que se opõe ao elemento enraizado.

Segundo M. Lemle "as regras transformacionais tem como input os marcadores de estrutura frasal profunda tomados globalmente e nisso reside a diferença formal entre elas e as regras do subcomponente de base, pois estas referem-se a elementos individuais de uma cadeia de símbolos e não leva em conta a sua derivação em regras anteriores".

Usando termos da informática afirma que "o output final é a estrutura frasal de superfície, a que está associado o marcador da estrutura de superfície, que consiste no segundo diagrama em árvore, diferente da estrutura profunda. Os seus símbolos terminais constituem uma cadeia de formativos, ou substitutos dos morfemas tradicionais, a qual, finalmente, é interpretada foneticamente, resultando nos sons vocais da elocução", ou seja , como queria Deleuze, sons em variação contínua. Para Deleuze e Guattari só interessam os fenômenos de superfície, mesmo na música, descartando-se o elemento sintático, básico da teoria gerativa de Chomsky. O rizoma substitui a árvore.

Resumindo a teoria gerativa teríamos que a interpretação de um sinal consistiria na associação de um som, ou letras no caso da língua escrita, a uma interpretação semântica, associação esta que seria mediada pela operação do componente sintático. Para Deleuze interessa os fenômenos de superfície, por isso insiste várias vezes na figura do rizoma, como um dos elementos marcantes de sua opção lingüística e interpretativa dos códigos comunicacionais.

O rizoma em vez de uma árvore, ou seja estes elementos de superfície dizem respeito também à relação " Tempo supremo e Duplo Silêncio" que Deleuze e Guattari mencionam em Mil Platôs, retirada de Nietzsche, e que depois serão retomadas no Manifesto da Música Tecno, de forma mais intensa.

Em Mil Platôs os autores dizem que "a música fica a serviço de um continuum cósmico, virtual, do qual até mesmo os buracos, os silêncios, as rupturas, os cortes fazem parte." (Deleuze e Guattari, 1980). É o efeito destes elementos agindo no tempo da música que foi revisto de modo mais particularizado, no Manifesto da Música Tecno, e discutido na primeira parte desta apresentação.

Concluindo, Deleuze retoma elementos já vistos em Mil Platôs e retrabalha, com Manganaro, no inicio dos anos 90, poucos anos antes de sua morte, as articulações da música tecno como puro fenômeno de superfície, rizoma, preocupado em pensar os fenômenos representativos de seu tempo. Foi um homem que viveu sempre a "ação durante". Com isso se perpetuou e se perpetua no presente


BIBLIOGRAFIA
DELEUZE, G e GUATTARI, F, Mil Platôs, V2,editora 34, Rio de Janeiro, 1995.

DELEUZE, G. e MANGANARO, De Nietzsche à la Techno, http://www imaginet tr/Deleuze/IXI/TECHNO.html

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Glória Kreinz - Sou profa de literatura e jornalista, atuo na divulgação e jornalismo científico e como Cecília Meireles brinco dizendo que "não sou alegre nem sou triste, sou poeta”. Professora universitária, titular de História da Literatura na PUCCAMP. Deixei o cargo para ficar no Núcleo José Reis, da USP.Acredito na vida, e no olhar. Às vezes sou impulso e paixão difícil de ser contida. Ainda bem que encontrei você... Beijos... Formada em Letras e Jornalismo, tenho mestrado em Literatura Brasileira, USP, e doutoramento em Ciências da Comunicação, USP, fui aluna de Roland Barthes quando morei em Paris, e aprendi novo olhar. Tenho um livro de Poesias: "Fogos na Noite", um de Teoria da Comunicação: "Divulgação Científica na Sociedade Performática", um de Filosofia com Franklin Leopoldo e Silva e Ciro Marcondes Filho - A Revista Les Temps Modernes, 12 livros da Coleção Divulgação Científica, organizada com Crodowaldo Pavan, .Tenho dois livros com Marcelo Roque,"Ciência, Amor e Poesia", e "Poder, Polêmica e Poesia",2011. Adoro o que faço, e a ABRADIC, que fundei com Pavan.ORIENTADORES USP-JOSÉ ADERALDO CASTELLO,IEB,e JOSÉ MARQUES DE MELLO,ECA.